Sair de si mesmo

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Para que o si-mesmo possa expressar-se com segurança, especialmente na parábola em análise, torna-se indispensável a integração da persona com a sombra.

Jung considerou a persona e a sombra como classicamente opostos, encontrando-se no ego a expressar-se, numa visão total da psique, como polaridades. Trata-se de uma aceitação consciente do si-mesmo, compreendendo o seu lado sombra e as suas dificuldades em lidar com ele. Devem-se considerar as ocorrências negativas e perturbadoras como naturais, sem os constrangimentos nem a vergonha das manifestações pessoais que são tidas por perversas, demoníacas.

Como esse lado não está de acordo com a persona, a aparência que se mantém, surgem os problemas interiores, os conflitos que devem ser evitados, tendo-se em vista que esse aparente mal, desde que não prejudique a outrem, é também responsável por muitos acontecimentos bons, por momentos de bem-estar e de alegria. Estar-se aberto às diversas manifestações existenciais, sem repugnância pelo chamado lado mau, pela exteriorização do eu-demônio, sobrepondo, sem violência nem conflito, o euangélico, proporciona uma pré-individuação, porque nessa luta de opositores surge uma terceira coisa, que é a conquista do estado numinoso. Normalmente os conteúdos da sombra são contestados pela persona (o irmão mais novo e o irmão mais velho da parábola em estudos), que também podem encontrar-se no mesmo indivíduo, quando esse sofre a repulsa de si mesmo e o desejo de elevar-se, ocorrendo inevitáveis conflitos de comportamento. Jung propõe um novo símbolo que sempre trará algo de ambos, que é o esforço para a integração daqueles conteúdos, numa diferente e renovada concepção de mundo como decorrência da transformação do ego.

O filho mais moço da parábola sentia que o seu irmão mais velho não o aceitaria e, malgrado essa percepção antecipada, gerou o movimento do retorno, porque naquele momento a sua visão qualitativa do mundo era diferente, assim valorizando o lado bom do mesmo e considerando o seu esforço de arrependimento voltando para casa. Quando se foi para o país longínquo, estava buscando o si-mesmo, embora saindo; quando retornou, descobriu-se caindo em si-mesmo. Muitas das atividades humanas e ocorrências psicológicas são o resultado dessa saída sem a perspectiva, pelo menos racional, da volta, o que se transforma numa atitude de definição e de responsabilidade pelo que possa acontecer no futuro.

A medida, porém, que a persona se fortalece, ampliando a capacidade de compreensão e de identificação, torna-se maleável, submete-se às necessárias mudanças, conseguindo a integração  com a sombra, fundindo os dois eus. Há, entretanto, indivíduos com uma tal carga de energia da sombra que não conseguem a aceitação dos seus erros pela persona, tornando-se uma questão patológica necessitada de terapia especializada.
Essa conduta antinômica é resultado dos instintos ainda dominantes na psique, herança poderosa da natureza animal do ser em relação à sua natureza espiritual, à sua origem no Uno.

As experiências das reencarnações privilegiando em uma etapa os valores intelectuais, noutra aqueles de natureza moral, em diversas ocasiões o desenvolvimento das tendências artísticas e culturais, os labores científicos e filosóficos, as místicas religiosas com todas as suas cargas simbólicas e mitológicas, havendo  gerado o peso dos conflitos, a descoberta do bem e do mal, a perda do paraíso, ensejam o predomínio de um arquétipo sobre o outro. Em determinado período mais primitivo da evolução, é a sombra, mais tarde é a presença marcante da persona, em diferentes oportunidades o anima-us, por muito tempo o ego até o momento da estruturação complexa do Self, na sua amplitude que se espraia além dos limites do indivíduo. Por sua vez, o Pai amoroso saiu de si mesmo para receber o filho perdido e o acolheu no coração, que jamais deixara de o amar, pois que nunca o expulsara dos seus sentimentos, quando constatando que o outro filho, o mais velho, se recusava a entrarem casa e fora tomado pela revolta, assim como a ira, filhas diletas da sombra, novamente saiu de si-mesmo e foi em sua busca, por constatar que estava perdido também, necessitando de ser encontrado. No processo da evolução do Espírito, faz-se necessário muitas vezes, sair-se de si-mesmo, para alcançar-se a meta a que se propõe, porque há situações difíceis de conflitos psicológicos em torno, que necessitam da presença do ser divino que se possui no imo.

Jesus assim o fez inúmeras vezes, pois que Ele veio para as ovelhas desgarradas, sacrificou a Sua vida para resgatá-las da perdição, confundiu-se com a sombra individual de cada qual e a coletiva de Israel, de Jerusalém assassina, que matava os profetas, a fim de manter a sua corrupção, aguardando um vingador para esmagar aqueles que lhe dominavam o povo, olvidando-se que a pior escravatura é a que procede dos instintos, dos arquétipos inferiores do Self em formação e desenvolvimento. Sair de si-mesmo é fruir por antecipação o retorno que se dará com a conquista realizada, quanto sucedeu com Jesus, crucificado, mas livre, indesejado, no entanto, triunfante, porque conseguira atingir o estágio mais alto da psique: a vitória sobre os impositivos existenciais, embora já fosse perfeito como o Pai Celestial é perfeito. Considerando-se as parábolas da esperança, da consolação, dos júbilos, dos perdidos, pode-se ver Jesus na condição de Filho Pródigo do Amor.

Afastou-se do Reino com os Seus inestimáveis bens e veio ao terreno país longínquo, para desperdiçar os Seus tesouros com as meretrizes e ladrões, os de má vida, que se Lhe tornaram más companhias, sem permitir-se contaminar com as suas misérias. E porque eram incontáveis esses necessitados Ele entregou tudo quanto possuía e, repentinamente, viu que se abatera sobre o país a fome de amor e de misericórdia, de compaixão e de solidariedade, resolvendo-se por entregar-se in totum, a partir do momentoso Sermão da montanha…

Apesar dessa doação máxima de amor, foi desprezado pelos habitantes soberbos e ingratos desse país, os prepotentes e dominadores, ficando com a ralé, simbolicamente representando os suínos, como era quase considerada, não aceita e espezinhada, optando pela cruz do sacrifício de afeto jamais ocorrido na Terra, voltando, porém, rico de bênçãos ao Pai misericordioso, que O recebeu em júbilo, permitindo que Ele ficasse ainda, por mais tempo, num e noutro lugar, acenando com a imortalidade gloriosa.

No estado numinoso, Ele tentou dissipar a sombra individual, que espera pelo esforço do Self de cada qual, iniciando-se, então, esse processo de unificação com a persona através dos dois milênios, a partir do momento em que se inicie a terapia psicotrópica da renovação interior, proporcionando aos neuro comunicadores a produção das monoaminas restauradoras da saúde psicológica e da moral através da vivência dos Seus incomparáveis enunciados psicoterapêuticos….

Segue a Leitura na Obra: Em Busca da Verdade

 

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2 comentários Adicione o seu

  1. Laudicena Fernandes disse:

    Muito bom, Eu amo estudar a veneranda aprendemos muito com Ela.

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  2. Gostaria de saber se este texto é parte de um livro, e se eletrata de filosofia e espiritualidade.

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