Indivíduos introvertidos e extrovertidos

em

capa_freud_color_homem_de_seu_tempo_widelg

O insigne mestre vienense, ao descobrir o poder de predominância do complexo de Édipo e, por extensão, do de Electra, do narcisismo, no comportamento humano, remontou à força das ocorrências mitológicas clássicas nas existências dos indivíduos masculinos e femininos, facultando-se a centralização do pensamento na libido como de fundamental importância para a compreensão da conduta psicológica e da realidade psíquica de cada ser. Estabeleceu, por consequência, um verdadeiro dogma centrado no sexo, não abrindo espaço para outra interpretação, que não aquela proposta, tornando-se essencial para a compreensão das graves psicopatologias humanas.

conselhos-de-jung-para-formacao-psicologo-696x392

Havendo, porém, estudado uma variedade mais ampla de matérias, diferentemente de Freud, Jung preferiu avançar por outras áreas, adentrando-se na análise de outros instintos que contribuem para a formação da personalidade e para a exteriorização do comportamento. Concluiu, nessa análise, que nenhum deles mantinha uma predominância sobre os demais, como no caso daquele de natureza sexual, acreditando simultaneamente que havia no ser uma predestinação – a psique — encarregada de orientar o rumo das existências humanas.

Assim concluindo, identificou o liame entre ambos – o instinto e a psique — que seria responsável pelas expressões nobres ou vis no historiai das experiências humanas. Para tanto, recorreu ao conceito dos arquétipos existentes no inconsciente coletivo, cujas forças diversas conduzem os indivíduos, nunca as reduzindo a uma só e de natureza exclusiva como pensava Freud. Ainda seguindo o mesmo raciocínio, estabeleceu que eram esses arquétipos constituídos por estruturas eternas, que a mente pode decodificar para exteriorizar–se em forma de comportamento na realidade objetiva. Desse modo, postulou que existe reduzido número de biótipos humanos de natureza eterna, assim apresentando a tese fundamentada na existência de seres introvertidos e extrovertidos.

Quando o indivíduo avança no rumo do mundo exterior é considerado extrovertido, e quando o realiza no sentido inverso, torna-se introvertido. O primeiro é portador de uma atitude primária em relação à vida, enquanto o segundo mantém uma postura elementar interiorizada.

Todo indivíduo, desse modo, possui intimamente as duas opções, podendo mesmo movimentar-se entre ambas. Nada obstante, sempre escolhe uma delas para a manutenção do seu comportamento, no qual extravasa as suas necessidades emocionais.
O extrovertido prefere o meio agitado, barulhento, no qual se encontra em perfeita identidade, diferindo do introvertido que opta pelo silêncio, como essencial para a recuperação das forças e a renovação das atividades a que se dedica. São diferentes na conduta e movimentam-se em áreas mui diversas. Aquilo que a um agrada ao outro desgosta, excetuando-se quando ocorrem situações especiais que os movimentam transitoriamente no rumo oposto ao habitual, logo retornando ao comportamento básico.

face triste_alegreJung concluiu, então, que para a expressão de uma como de outra conduta, são essenciais o sentimento e o pensamento, constituídos por estruturas diferentes da personalidade, expressando formas independentes para cada qual, que se pode tornar extrovertido ou introvertido. Além dessas expressões internas, o indivíduo possui também a sensação e a intuição. A sensação resulta das informações que se exteriorizam através dos órgãos dos sentidos, sendo tudo aquilo que é percebido de maneira física, enquanto que a intuição resulta das informações que procedem do inconsciente, sem a necessidade do contato com as sensações.

Classificando em quatro essas funções, situa o indivíduo no mundo objetivo, elucidando, no entanto, que a sensação e a intuição são funções perceptíveis, usadas pelo sentimento e pelo pensamento encarregados de decodificá–las e classificar todas as informações adquiridas que o sentimento atribuirá significado e valor específicos.
Da mesma forma, o sentimento e o pensamento são considerados como funções racionais. A sensação e a intuição, no entanto, passam a ser denominadas como funções irracionais, constituindo mecanismos de acesso ao mundo externo para que o pensamento e o sentimento possam agir.

Analisando-as com cuidado, conclui-se que as funções são essenciais à vida do ser humano. Ao denominar algumas como irracionais, não o fez com o objetivo de as subestimar, pelo contrário, o de demonstrar-lhes o automatismo através do qual se expressam e que se faz independente da razão.

Analisando a função da intuição proposta por Jung, somos, entretanto, de parecer que a mesma procede do Self como percepção que abre as portas da paranormalidade para a aquisição dos conhecimentos que independem do sentimento, do pensamento e da sensação. Não estabelecida no cérebro, transcende-o, sendo por ele identificada e transferida para o mundo exterior, logo se apresentando de maneira inusitada, inabitual, inesperada.

Não raro, a característica do ser introvertido é a distração, o estado alfa, em que as circunstâncias externas não são significativas, muito comum em homens como Newton, Einstein e outros, que têm dificuldade de adaptação ao mundo denominado do senso prático. Quase sempre dependem das mulheres, o que os leva a sonhos nos quais se sentem devorados por elas…

No que diz respeito ao homem de pensamento extrovertido, constitui um biótipo que se vincula a regras estritas de comportamento, tornando-se excelente amigo, o que não ocorre quando é o sentimento que predomina na sua conduta, deixando a impressão de frivolidade, de irresponsabilidade, sentindo-se completamente à vontade nos ambientes festivos e barulhentos.

A função intuitiva, para Jung, é aquela que proporciona à pessoa a visão do futuro, a percepção de ocorrências que lhe podem ser úteis, não demonstrando maior interesse pelas coisas e acontecimentos atuais à sua volta, nem mesmo do passado, mas sim, pelos porvindouros. Se é extrovertido, sente-se realizado ao conceber e propor ocorrências que se deverão dar, tornando-se pioneiro, idealista, no entanto, sem demonstrar maior interesse por concretizá-las no mundo objetivo. Tratando-se de um intuitivo introvertido, parece-se com um profeta – nele se manifestam os dons espirituais — e se comporta de maneira especial. Em geral, os tipos introvertidos são desinteressados dos valores externos, das moedas, das relações que passam pela sua estrutura emocional, avançando no rumo das suas aspirações internas.

A partir da análise dos tipos psicológicos, Jung montou toda a sua doutrina, sendo aí o ponto inicial das suas pesquisas centradas no inconsciente coletivo, responsável pelas heranças antropossociopsicológicas do ser humano

Texto extraído da obra Triunfo Pessoal

PARA ADQUIRIR ESTA OBRA CLIQUE AQUI

Deixe um comentário